DE VEZ EM QUANDO CAIA UMA TATURANA EM UM ALUNO E O QUEIMAVA.
TODOS OS ALUNOS ERAM MAIORES DO QUE EU.
A MAIORIA ME BATIA NA HORA DO RECREIO.
ME REFUGIEI EMBAIXO DE UMA ARVORE CHEIA DE TATURANAS.
NINGUÉM TINHA CORAGEM DE FICAR LÁ.
FICAVA O RECREIO INTEIRO DEBAIXO DA ÁRVORE E SÓ SAIA QUANDO BATIA O SINAL.
FIQUEI ANOS FAZENDO ISSO.
AS VEZES CHORAVA SOZINHO PORQUE NINGUÉM FALAVA COMIGO.
ATÉ AS PROFESSORAS ME IGNORAVAM.
FIQUEI COM A FAMA DO MENINO ESTRANHO DAS TATURANAS.
O ESQUISITO.
ISOLADO.
QUIETO.
EU SÓ TINHA SEIS ANOS.
HOJE TENHO TRINTA E UM.
NÃO SEI O QUE ACONTECEU COM OS ALUNOS QUE ESTUDAVAM COMIGO.
SUMIRAM.
COMO SE NUNCA TIVESSEM EXISTIDO
AGORA TENHO MUITOS AMIGOS.
SOU DRAMATURGO, POETA E ESCRITOR.
TENHO UM FILHO.
E AINDA CHORO SOZINHO.
NÃO DEIXARAM DE ME CHAMAR DE ESTRANHO.
O ESQUISITO.
ISOLADO.
QUIETO.
NUNCA MAIS ENCONTREI UMA ÁRVORE CHEIA DE TATURANAS.
TUDO BEM.
NÃO PRECISO MAIS DA ÁRVORE.
LOGO, ESSAS PESSOAS SUMIRÃO.
COMO SE NUNCA TIVESSEM EXISTIDO.