quinta-feira, 15 de outubro de 2009

É TIPO ASSIM, BRUTAL. ENTENDE?




Há um vazio nos olhos dos lideres religiosos. Há um vazio no movimento inquieto das pernas de uma Stripper.Há um vazio nas mãos de uma frentista. Há um vazio entre todas as coisas. Há um vazio dentro de mim, de você e todo o resto que chamamos de vida.
Na última sexta- feira fui assistir “BRUTAL” do Mário Bortolotto. Eu tinha que escrever, tinha que terminar uma peça, mas a minha garota disse:
- Vamos vai, faz tempo que não vejo uma peça.
- Tem certeza?- disse.
Minha garota estuda administração ela não conhece a vida na Praça Roosevelt e nem o horário não convencional “pra que nem está acostumado” da peça. A peça começa meia-noite.
- Tenho, assim você relaxa um pouco a cabeça.
E a gente foi assistir.
Sabe aquela sensação que vem depois de matar a sede com uma garrafa de água? De sair gritando no meio da rua? De... Enfim, de ter visto finalmente uma peça realmente boa após tantas ruins? Como fala uma amiga minha: “A gente merece uma peça boa, pelo menos de vez em quando.”
Elenco primoroso. A Luciana Caruso dá um show, eu tinha visto ela na “Loucadora de vídeo” e outras coisas lá no NEXT demorei bem umas meia hora pra reconhecer a atriz. A Carolina, a ÉRIKA, a Maria, a Martha e o Walter...vulgo “Batata”que é protagonista de umas das cenas que mais gosto da peça. O Trolha “Batata” está deitado numa mesa e faz movimentos sinuosos com a língua para a personagem TOY que está desesperada do outro lado da sala, o porque ela está desesperada não posso falar, senão conto a peça. Mas só essa cena já pagou o meu ingresso. O Laerte “Estevão” não curti muito não, achei o ator meio canastrão, vai ver porque o personagem é meio canastrão mesmo...sei lá.Fazer o quê? Não curti mesmo. Ah, e tem a participação “Filho da puta” em off do Péreio. Meu, até em off o cara é bom.
Curti muito a trilha, a iluminação e a direção e... Bem é tudo do Mário mesmo e ele sabe que eu curto as coisas que ele faz.
Bom, a minha namorada nunca tinha visto nada parecido e perguntei:
- E aí curtiu?
- Esse seu amigo escreve umas coisas bem estranhas, eu tô chocada. Mas adorei.
Sabe, eu também escrevo, tô engatinhando ainda. Mas quando for adulto que nem o MÁRIO espero ouvir esse tipo de resposta. Sabe, a pessoa pode até não gostar da peça, mas fala é isso...isso..e isso. Não vem com: “Ah, não gosto de mutilação de criança” “Ah,isso não é teatro, eu vim pra me divertir.” “Ah, não é mais o MÁRIO.” Como não é mais ele ? Ele estava lá. Dirigiu a peça, escreveu a peça, fez a sonoplastia e até me vendeu um CD.
Sai de lá com a alma lavada. Cheio de vontade de escrever. Cheio de tomar uma garrafa de vinho. Cheio de vontade de beijar a minha garota. E foi o que fiz.

Deixem o vazio nos olhos dos lideres religiosos, no movimento inquieto das pernas das Strippers, nas mãos das frentistas, pra Bimba, pra Sol,pro Trolha, pro Estevão... enfim pra todos eles. Eu sei que um dia o vazio também vai tomar conta de mim e eu vou me lembrar de todos eles.


LUIS EDUARDO



Temporada:Todas as sextas até dia 20 de novembro de 2009 às 0h00

Teatro Espaço Parlapatões - Pça Franklin Roosevelt, 158

Ingressos: R$ 30,00 meia 15,00Capacidade 98 pessoas

Bilheteria:Horário de Funcionamento:De terça a domingo das 16hs as 22hs

Compre também pela Ingresso Rápido:4003-1212www.ingressorapido.com.br

sábado, 3 de outubro de 2009

OLHOS DE MANGÁ

Eu acordo na cama dela

E pergunto do café.

Ela diz:
- Calma.

Diz isso olhando para o teto.

Eu estou deitado ao lado dela.
.
Eu visto uma camiseta com um bebê dormindo, era isso ou a camiseta de um cantor Hard Rock.

Odeio Hard.

Preferi o bebê.

Ela me olha

Seus cabelos cobrem os olhos.

O quarto só tem a iluminação das frestas da janela e da iluminação da sala.

A luz incide nos olhos dela.

Os olhos dela parecem olhos de personagens de MANGÁ.

Isso é o que acontece quando você gosta de uma pessoa.

Você nota todas essas minúcias.

Os cabelos nos olhos.

A mania de pôr o dedo indicador em cima do nariz e o dedo médio abaixo do nariz enquanto está pensando.

Os olhos semi-cerrados quando está desconfiada.

A risada contida quando está sem graça.

A respiração quente quando está preste a dar um beijo.

Como ela se veste.

Primeiro a camiseta e depois a calça.

E quando o sono vem vira de bruços na cama.

Eu continuo olhando para ela.

Ela põe a cabeça para fora da cama e vê o quarto de cabeça para baixo.

Eu podia ficar horas assim.

Ela fala para levantar

- Daqui a pouco o meu filho acorda.

Eu levanto, sento na cama e calço a minha bota.

Ela me abraça por trás.

Não quero que isso acabe.

Então...

...Demoro um pouco mais com as botas.



A verdadeira pessoa com olhos de mangá:

http://www.orkut.com.br/Main#Profile.aspx?origin=is&uid=15127995184205334652